Cerca de 20 mil cristãos temem por sua vida com o avanço do conflito entre o exército e os jihadistas, na segunda maior cidade da Síria.
A igreja do complexo franciscano Terra Santa College foi atingido por uma bomba. (Foto: Portas Abertas). |
Uma igreja foi bombardeada em Alepo, na Síria, no último domingo (1), em meio a tomada da cidade por terroristas islâmicos.
Segundo a Missão Portas Abertas, o templo que faz parte do complexo franciscano Terra Santa College foi atingido por uma bomba, quando o exército sírio, com o apoio dos russos, bombardeou alguns locais em Alepo.
“Graças a Deus, não houve vítimas fatais ou feridos, apenas o prédio foi danificado”, afirmaram os responsáveis pelo complexo, nas redes sociais.
De acordo com os líderes, os membros da igreja estão bem, mas a população de Alepo, incluindo cerca de 20 mil cristãos, está com medo do que pode acontecer no conflito em andamento. Na última sexta-feira (29), a cidade foi tomada pelos jihadistas do Hayat Tahrir al-Sham.
Durante os anos mais difíceis da guerra na Síria, o Terra Santa College serviu como abrigo para pessoas deslocadas e agora funciona como um centro de apoio psicológico, atividades recreativas e distribuição de ajuda humanitária.
“Junte-se a nós em oração pela paz na Síria, martirizada por longos anos de guerra e violência. A Palavra de Deus deste primeiro domingo do Advento nos convida a manter viva a esperança de uma perspectiva de paz. Vamos aceitar esta exortação e orar para que ela seja alcançada para nossos irmãos e irmãs sírios”, pediram os líderes.
Cidade tomada
Desde que a guerra começou em 2011, foi a primeira vez que o governo perdeu o controle de toda a cidade. Agora, os jihadistas do Hayat Tahrir al-Sham (HTS) estão no comando de Alepo.
Conforme o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, desde o início da ofensiva do HTS na última quarta-feira (27), 446 pessoas foram mortas, destes 244 rebeldes, 141 do exército sírio e seus aliados e 61 civis.
“Como ninguém sabe o que significa a tomada de Alepo, alguns cristãos ainda estão tentando fugir, mas agora não conseguem devido à falta de transporte ou porque a maioria das estradas estão fechadas”, relatou um dos contatos da Portas Abertas na Síria.
Outra fonte local afirmou: “Alguns cristãos estão convencidos de que ficar é a melhor opção, como fizeram há 13 anos, quando a guerra na Síria começou. Um cristão em Alepo me disse esta manhã: ‘Vou trabalhar como sempre’".
No último domingo (1), muitas das igrejas em Alepo realizaram os cultos normalmente. A frequência foi menor, porque alguns cristãos fugiram da cidade para lugares mais protegidos ou não se sentiram seguros para saírem de suas casas.
Por segurança, ao menos uma das igrejas realizou o culto no porão de um prédio, um lugar mais protegido do que o templo.
Desde o início da guerra, o número de cristãos em Alepo diminuiu drasticamente. Antes de 2011, havia pelo menos 100 mil cristãos na cidade, enquanto outras fontes falam de mais de 200 mil, mas agora restaram cerca de 20 mil.