Damasco, a capital da Síria, foi um dos primeiros centros do Cristianismo fora de Jerusalém.
Após anos de guerra civil, muitos cristãos foram deslocados de suas casas. (Foto: Unsplash/Mahmoud Sulaiman) |
A Síria é citada na Bíblia em várias passagens, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. No Antigo Testamento, o país é frequentemente associado ao reino de Aram, uma região que incluía várias cidades e nações ao norte de Israel.
Em 2 Reis 16:5-9, por exemplo, o rei de Israel, Peca, e o rei da Síria, Rezim, são citados formando uma aliança contra Judá. O profeta Jeremias também menciona o país entre as nações que seriam julgadas por Deus, citando Damasco, sua capital desde os temos bíblicos do Antigo Testamento (Jeremias 49:27).
A primeira referência à Síria em relação ao Cristianismo aparece em Atos 9:1-2, quando Saulo (que se tornaria o apóstolo Paulo) recebeu cartas do sumo sacerdote para ir a Damasco com o objetivo de perseguir os cristãos. Esse episódio ocorre logo após a morte e ressurreição de Jesus e a propagação da fé cristã.
Tudo isso mostra a importância deste país encravado no Oriente Médio, entre os protagonistas regionais como o Irã, a Turquia e a Arábia Saudita, além de ser um ponto estratégico devido à sua proximidade com Israel, o Líbano e os territórios palestinos.
A Síria tem sido um centro de tensões geopolíticas, religiosas e culturais, com sua história rica e complexa refletindo as dinâmicas e os conflitos na região até os dias atuais.
Além disso, sob a presidência de Bashar al-Assad, o país passou a abrigar diversos grupos terroristas, intensificando ainda mais a instabilidade e a violência na região, tornando a situação bastante desafiadora tanto para seus cidadãos quanto para a comunidade internacional.
Incertezas na Síria
Atualmente, os cristãos que vivem na Síria enfrentam uma realidade incerta marcada por grande instabilidade e desafios.
Após anos de guerra civil, muitos cristãos foram deslocados de suas casas, enquanto outros vivem sob constante ameaça de grupos extremistas e a incerteza política.
Hayat Tahrir al-Sham (HTS), a ex-afiliada da Al-Qaeda que liderou a campanha rebelde que culminou na queda de Assad, pregou a coexistência religiosa e prometeu proteger grupos minoritários.
No entanto, as comemorações de Natal mostraram que a perseguição e hostilidade aos cristãos não fazem parte do passado.
Segundo a Reuters, membros de minorias continuam preocupados com o fato de que os novos governantes, liderados por Ahmed al-Sharaa, da HTS, possam tentar impor um governo islâmico, com muitos, especialmente cristãos, sentindo-se ansiosos com o futuro.
Recentemente, extremistas atearam fogo em uma árvore de Natal em uma cidade de tradição ortodoxa grega após aterrorizar os cristãos locais.
O incidente ocorreu apenas um dia após a árvore de Natal ser iluminada na cidade de Al-Suqaylabiyah, na Síria. Segundo o site Greek City Times, jihadistas afiliados ao HTS incendiaram a árvore e intimidaram os moradores cristãos locais.
Primeiros dias da Igreja
Com informações baseadas no Novo Testamento, é possível saber que os cristãos têm presença na Síria desde os primeiros dias da Igreja.
Damasco foi um dos primeiros centros do Cristianismo fora de Jerusalém. Atos 9:3-9 relata a conversão de Saulo em uma visão na estrada para Damasco, um evento significativo que marcou o início de sua jornada missionária e sua transformação de perseguidor para pregador do Evangelho.
Além disso, a cidade de Antioquia, localizada na Síria (atualmente no sudeste da Turquia), desempenhou um papel crucial no Cristianismo primitivo. Em Atos 11:26, vemos que "os discípulos foram chamados cristãos pela primeira vez em Antioquia".
Antioquia se tornou um dos maiores centros de evangelização e missão cristã, sendo o ponto de partida para várias viagens missionárias de Paulo.
Atualmente, os cristãos que vivem na Síria enfrentam uma realidade marcada por grande instabilidade e desafios.
Após anos de guerra civil, muitos cristãos foram deslocados de suas casas, enquanto outros vivem sob constante ameaça de grupos extremistas e a incerteza política.
Hayat Tahrir al-Sham (HTS), a ex-afiliada da Al-Qaeda que liderou a campanha rebelde que culminou na queda de Assad, pregou a coexistência religiosa e prometeu proteger grupos minoritários.
Berço do Cristianismo
Diante de incertezas, autoridades húngaras se posicionam em defesa dos cristãos da Síria, após os incidentes sobre as comemorações natalinas.
O secretário de Estado para a Ajuda aos Cristãos Perseguidos escreveu em sua página do Facebook na quinta-feira (26) que os cristãos na Síria podem contar com a Hungria.
Tristan Azbej observou que seu ministério tem acompanhado de perto os desenvolvimentos na Síria, especialmente a situação dos cristãos, nas últimas semanas e nos dias atuais.
Ele disse que “durante a temporada de Natal, estamos recebendo notícias preocupantes e esperançosas”. Por um lado, ele explicou, a nova liderança em Damasco fez uma série de promessas para proteger os direitos das minorias religiosas e gestos encorajadores foram feitos em relação aos cristãos.
“Por outro lado, os seus parceiros cristãos relatam ameaças islâmicas, árvores de Natal queimadas e feriados interrompidos”, disse.
“Além do alívio imediato do sofrimento, também é de suma importância garantir que o berço do Cristianismo continue sendo um lar de longo prazo para os crentes em Cristo”, disse o secretário de Estado.