A iniciativa beneficiou cristãos perseguidos no estado de Chiapas
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Todos os membros da comunidade puderam participar de oficinas de alfabetização (foto representativa) |
Chiapas fica no Sudeste do México e é um estado de grande riqueza cultural. É lar de muitos povos indígenas como os tzotzil, tzeltal, maias, chol, zoques e tojolabales, cada um com suas próprias línguas e tradições. Apesar disso, o analfabetismo é a realidade de muitos moradores de Chiapas.
De acordo com o Censo de População e Habitação de 2020, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística e Geografia do México, 14 em cada 100 pessoas com mais de 15 anos não sabem ler ou escrever. A nível nacional, a cifra é de cinco em cada cem pessoas não alfabetizadas.
O analfabetismo nas comunidades indígenas de Chiapas é resultado de vários fatores interrelacionados. Um deles é a barreira linguística, pois muitas comunidades indígenas falam línguas diferentes do espanhol, a língua oficial do México. Além disso, os programas governamentais de alfabetização frequentemente não levam em conta as línguas indígenas e as práticas culturais dessas comunidades.
Aulas de leitura e escrita na língua nativa
Para ajudar a mudar essa realidade, a Portas Abertas apoia um grupo de pastores na área com aulas de leitura e escrita, entre outras matérias. Eles desenvolveram oficinas de alfabetização em comunidades indígenas tzeltal em Chiapas, com 19 participantes.
Francisco Santiz, um jovem da comunidade de Santo Tomás, conta que esse tipo de espaço significa muito para ele, um parceiro local explica que é preciso “ensiná-los a ler e escrever para que aprendam a ler suas Bíblias, porque é muito importante para que sua fé também cresça”. Para aumentar o impacto dessas oficinas, parceiros locais lançaram uma atividade em setembro para incentivar os jovens envolvidos a participarem das oficinas e colocarem em prática o conhecimento adquirido.
Dessa forma, Francisco pôde apoiar três sessões de alfabetização que ocorreram na comunidade. O convite foi aberto a todos, não apenas aos cristãos locais, porque, segundo o pastor Humberto Ruiz, um parceiro local, “é uma grande oportunidade de ser sal e luz em nossa comunidade”. No entanto, grande parte da congregação preferiu participar do treinamento a distância. A estratégia da igreja continua sendo ganhar a confiança da comunidade por meio do serviço social.
Por essa razão, os jovens da igreja recolhem lixo, pintam as quadras ou praças e organizam jogos de basquete. O objetivo de Francisco e dos outros líderes que apoiam essa iniciativa na área é ter duas aulas por mês: a primeira para ensinar leitura e escrita, e a segunda para ajudar aqueles que já sabem ler e escrever a aperfeiçoar suas habilidades de ortografia, pontuação e escrita.
É importante para a igreja e a comunidade em geral poder contar com ensino em sua língua nativa, já que nem todos podem falar espanhol. Como professor bilíngue, Francisco tem as habilidades necessárias para ensinar bem. “É muito útil estudar com o irmão Francisco, ele sabe e nos ajuda a corrigir muitas coisas”, disse um dos participantes.